sábado, 11 de abril de 2009

Por que Cerratense das Veredas?

Quando ouvi a primeira vez o termo Cerratense fiquei imaginando o que era...
Pesquisei e encontrei Paulo Bertran, poeta e historiador. Tive oportunidade de saber da sua fantástica História da Terra e do Homem no Planalto Central: Eco-História do Distrito Federal, que pra arrasar com os conceitos pré-concebidos, pra fazer os autores repensar a trajetória sociocultural do goiano, pra bagunçar mesmo o coreto das idéias. Juntava ali o estilo de escrever a História com gosto literário. Fiquei encantado.
O termo Cerratense visa compreender a história da ocupação humana no Cerrado. Me considero um Cerratense. Nasci no Cerrado (apesar que em Bauru/SP ele quase não exista mais), fui criado no mesmo e agora vivendo no DF no coração do Cerrado. Atuando pela preservação do mesmo a criatura se mistura com a criação.
Já Veredas é paixão a primeira vista. Acho o buriti uma árvore sagrada do Cerrado. Onde ele existe tem-se a vida. A água com qualidade. Dele tudo se aproveita.
Foi meu primeiro seminário na faculdade "- O buriti aumenta a renda familiar da família." Era muito mais tímido, talvez inseguro. A professora Rosinda de morfologia vegetal da Unesp/Bauru me fez pesquisar sobre a planta.
Depois de mais de 10 anos do ocorrido. Como a vida dá voltas atuo junto a um grupo chamado Amigos das Veredas.
Até nossos nomes são parecidos, nome científico do buriti é Mauritia flexuosa Linn. f.. Maurício & Mauritia.
Assim juntando Bertran com G. Rosa uso o termo Cerratense das Veredas.
Finalizarei com trechos de ambos pois seus pensamentos, ideais, seus inscritos nunca irão morrer ou desaparecer.

ANOTAÇÕES DE UM

CERRATOSSAURO

I

Da qualidade do ar

depende a intensidade da chuva.

A seca porém depende de preces, de hinos,

delírios de multidões em arbitrária ascese.

A intensidade da seca depende

da qualidade das névoas.

Névoas, se azuis,

Dependem do humor dos ipês.

Se vermelhas,

apenas as cigarras as ampliam

com seus absurdos estúrdios.

Se surgem amarelas porém

dependem de ti e de mim

ou da faltante esperança

de haver amanhãs.

E do orvalho hiperbóreo,

para lavar os deuses e as sibilas.

Extenuadas

à beira do túmulo do tempo.

Consciência Cósmica


Pág -146

Já não preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro do remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...

Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem deixar escorrer a força de dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...

Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
e deveria rir , se me retasse o riso,
das tormentas que poupam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo do meu corpo...



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